19/09/2025
Pagar Vale-Transporte em Dinheiro: Um Atalho Que Pode Sair Caro para Clínicas e Consultórios
Garantir que colaboradores tenham acesso ao transporte necessário para exercer suas funções é uma obrigação legal e um ato de respeito à dignidade do trabalho. No entanto, o modo como esse benefício é concedido pode impactar diretamente a segurança jurídica da sua clínica ou consultório.
Muitos gestores do setor da saúde ainda optam por pagar o vale-transporte em dinheiro, acreditando estar facilitando a vida dos funcionários. O que parece ser um gesto de praticidade, na verdade, representa uma série de riscos legais, tributários e operacionais — e é justamente sobre isso que falaremos neste artigo.
O que diz a legislação sobre o vale-transporte?
O vale-transporte é regulamentado pela Lei nº 7.418/1985 e pelo Decreto nº 95.247/1987, que determinam claramente que o benefício deve ser fornecido por meio de créditos eletrônicos ou bilhetes de transporte. Isso garante que o valor seja utilizado exclusivamente para o deslocamento entre residência e local de trabalho.
Há, no entanto, uma exceção: empregados domésticos ainda podem receber o vale-transporte em espécie. Para clínicas e empresas da área da saúde, essa prática é considerada irregular.
Por que pagar em dinheiro é tão problemático?
Ao pagar o vale-transporte em dinheiro (inclusive via transferência bancária), sua clínica ou consultório pode se expor a sérias penalidades trabalhistas e fiscais. A seguir, explicamos os principais riscos envolvidos:
1. Descumprimento da legislação trabalhista
Se sua empresa realiza o pagamento em dinheiro, pode ser autuada em fiscalizações do Ministério do Trabalho e receber multas por descumprimento da norma legal. A fiscalização pode ocorrer a qualquer momento — inclusive após denúncia anônima de um colaborador.
2. Incorporação ao salário
Quando o vale-transporte é pago em espécie e sem a devida comprovação do uso específico para transporte, a Justiça do Trabalho pode considerar que o valor tem natureza salarial, e não indenizatória.
Isso significa que:
- Ele entra no cálculo do FGTS, INSS, 13º salário e férias;
- Pode ser solicitado retroativamente por colaboradores;
- Gera um aumento expressivo nos encargos trabalhistas e previdenciários;
- Aumenta o risco de passivo trabalhista no futuro.
3. Multas e autuações
A reincidência ou a adoção da prática com diversos colaboradores pode resultar em multas mais severas. Em caso de ação coletiva ou denúncia em massa, os danos financeiros à empresa são multiplicados.
4. Ações trabalhistas por insatisfação
Colaboradores insatisfeitos com o valor recebido ou com a falta de transparência podem acionar a Justiça do Trabalho, alegando que:
- O benefício foi pago de forma irregular;
- O valor era inferior ao necessário para o deslocamento;
- O montante deveria ser incorporado ao salário.
Consequências:
- Indenizações;
- Pagamento retroativo;
- Encargos trabalhistas acumulados.
5. Falta de controle sobre o uso do benefício
Ao repassar o valor em dinheiro, a empresa perde o controle sobre como o benefício é utilizado. Isso compromete o propósito legal do vale-transporte: custear o deslocamento até o trabalho.
Por exemplo, se o colaborador utilizar o valor para outro fim, como alimentação, a empresa pode ser responsabilizada por não garantir o transporte adequado.
6. Divergência entre folha de pagamento e holerite
Quando o vale-transporte é pago em dinheiro fora do holerite, a empresa fica vulnerável juridicamente. Isso porque:
- Não há documentação formal;
- A verba pode ser considerada uma bonificação ou salário disfarçado;
- Há dificuldade para comprovar, em fiscalizações ou ações judiciais, que o valor realmente se referia ao vale-transporte.
7. Dificuldade de comprovar cumprimento da obrigação
Sem registros formais, bilhetes ou créditos eletrônicos, a empresa terá pouca ou nenhuma prova de que o benefício foi efetivamente concedido conforme a lei.
Mas e se o colaborador preferir receber em dinheiro?
Mesmo que o colaborador solicite essa forma de pagamento, a legislação não permite exceções para empresas — somente para empregados domésticos. Consentimento do funcionário não isenta a empresa da obrigação legal e nem do risco de penalidades.
Como evitar todos esses riscos?
- A melhor forma de garantir segurança jurídica e tranquilidade para sua empresa é cumprir à risca o que determina a legislação. Para isso:
- Forneça o vale-transporte por meio de cartões eletrônicos ou bilhetes físicos;
- Exija do colaborador o preenchimento e a assinatura do formulário de solicitação de vale-transporte, declarando o endereço de residência e os meios de transporte utilizados;
- Mantenha registros organizados e documentação assinada para fins de auditoria ou defesa em caso de fiscalização;
- Oriente sua equipe de RH sobre a correta gestão de benefícios trabalhistas;
- Evite misturar o pagamento do vale-transporte com o salário ou com outras verbas.
Gestão contábil e compliance: o papel da PLUS Contábil Saúde
Na área da saúde, onde clínicas e consultórios lidam diariamente com diversas obrigações legais e fiscais, a conformidade trabalhista é essencial para proteger o negócio e garantir estabilidade no relacionamento com colaboradores.
A PLUS Contábil Saúde oferece suporte completo na gestão da folha de pagamento, benefícios, encargos e conformidade com as normas do Ministério do Trabalho. Atuamos com foco na prevenção de riscos, otimizando sua operação e permitindo que você e sua equipe se concentrem no que realmente importa: o cuidado com os pacientes.
Enfim, pagar vale-transporte em dinheiro pode parecer uma solução prática, mas representa um erro com alto custo jurídico, financeiro e reputacional. Seguir a legislação é sempre o caminho mais seguro.
Se você ainda realiza o pagamento do vale-transporte em espécie ou deseja revisar seus processos internos, entre em contato com a equipe da PLUS Contábil Saúde. Estamos prontos para ajudar sua clínica ou consultório a operar com segurança, economia e total conformidade.
